Neste livro, a autora tece considerações sobre a obra de Manoel Bergström Lourenço Filho (1897-1970), que, além de ter escrito vários livros de literatura infantil e juvenil entre 1942 e 1968, também foi um importante educador e teórico da Educação. A intenção da pesquisadora é de compreender a relação entre a produção literária de Lourenço Filho – hoje pouco conhecida e explorada no país - e o lugar por ele ocupado na história da literatura infantil e juvenil brasileira. A autora parte do pressuposto de que a obra de Lourenço Filho teve enorme importância para o desenvolvimento deste gênero de literatura em terras brasileiras, com significativa influência na produção tanto dos seus contemporâneos como de seus pósteros, tendo ele fundado mesmo uma tradição. O escritor teria desenvolvido com padrões bastante elevados um modelo de literatura vinculado a finalidades educacionais – presente no Brasil desde o final do século XIX, mas em geral pouco eficaz - de modo a proporcionar à criança uma formação pedagógica e cultural consistente, sem deixar de ser agradável. O livro também monta um amplo painel histórico sobre a produção de literatura infantil e juvenil no Brasil, que teve em Monteiro Lobato um de seus precursores e vive um autêntico “boom” desde o começo da década de 1970.
Estela Natalina Mantovani Bertoletti é mestre (1997) e doutora (2006) em Educação pela Unesp, com trabalhos voltados à alfabetização e à literatura infantil e juvenil. Professora universitária há doze anos, mora em Três Lagoas (MS) e trabalha em Paranaíba, UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul).
A abordagem de um passado recente da alfabetização no país no livro Lourenço Filho e a alfabetização, de Estela Natalina Mantovani Bertoletti, contribui para o debate de problemas atuais das escolas públicas como os altos índices de evasão e repetências de alunos da primeira série do Ensino Fundamental. A Cartilha do Povo, publicada pela primeira vez em 1928 e utilizada por mais de seis décadas como instrumento de alfabetização nas escolas brasileiras, e a cartilha Upa, cavalinho!, publicada de 1957 a 1970, ambas idealizadas pelo educador Manuel Bergström Lourenço Filho (1897-1970), são os objetos de estudo de Estela. Para a autora, as cartilhas de alfabetização continuam a exercer um papel "mediador" e "concretizador" de teorias e métodos da alfabetização nas salas de aula das escolas brasileiras, em dissonância com as teorias atuais de alfabetização, como o construtivismo, que combatem e pretendem superar esse instrumento.
Interrogar sobre o passado de uma das principais atividades educativas na escolarização inicial de crianças – o ensino de leitura e escrita – é o objetivo central desta obra. Entre as várias contribuições relevantes do livro, uma coletânea de 14 ensaios que abrangem mais de um século, da década de 1870 aos dias atuais, sobressai-se a importância da própria temática para a compreensão da cultura escolar.
Os estudos põem em destaque cartilhas, livros de leitura, manuais, textos, artigos publicados em jornais e periódicos, polêmicas em torno dos métodos de ensino e a atuação de quem produziu e problematizou sobre o ensino de leitura e escrita no país. Estão contemplados tanto os interesses econômicos e comerciais subjacentes à produção de materiais para esse ensino quanto as tensões políticas que envolveram as disputas dos educadores, o que permite ao leitor aproximar-se das tematizações, concretizações e normatizações que ao longo do tempo pautaram o debate político e pedagógico sobre a alfabetização no Brasil.
O primeiro texto da coletânea trata do método de alfabetização de Thomaz Paulo de Bom Sucesso Galhardo, autor da Cartilha da infância, publicada entre a década de 1880 e o ano de 1992. Seguem-se estudos sobre as experiências de Antonio da Silva Jardim (1860-1891), João Köpke (1852-1926), Ramon Roca Dordal (1854-1938) e Carlos Alberto Gomes Cardim (1875-1938), Arnaldo de Oliveira Barreto (1869-1925), Francisco Vianna (1876-1935), Theodoro de Moraes (1877-1956), Antonio Firmino Proença (1880-1946), Renato Fleury (1895-1980), Lourenço Filho (1897-1970), Antônio D’Ávila (1903-1989), Bárbara V. de Carvalho (1915-2008), Emilia Ferreiro (1935) e João Wanderley Geraldi (1946).
Esta coletânea de artigos de especialistas de várias áreas (literatura, história, filosofia, sociologia), como Octavio Ianni, Fábio Lucas e Marcelo Ridenti, entre outros, discute como a produção literária, com suas pecualiaridades, pode fornecer elementos e subsídios para o conhecimento da estrutura e dinâmica da sociedade brasileira.
Quais seriam os limites entre uma literatura infantil, ou infantojuvenil, e a literatura “adulta”? Constituiria a literatura infantil um afluente no grande curso da literatura mundial ou seria ela parte integrante e inseparável do todo? A partir de quando terá existido uma literatura com foco específico em um público infantil? Buscando desenovelar essa história, este livro ajusta lentes para enxergá-la de perto, dentro de outra história, a história da literatura no Brasil.
É bem conhecida a afirmação de Dostoiévski sobre os poderes relativos da literatura e da psicologia. Para ele, um psicólogo jamais alcançaria a eficácia do escritor: é na literatura que encontramos um retrato acurado da mente. Mas mesmo para aqueles que reivindicam superioridade para um desses dois polos uma coisa é certa: psicologia e literatura partilham uma ampla fronteira e guardam inter-relações significativas. Essa convivência ao mesmo tempo conflituosa e complementar é estudada por Dante Moreira Leite em vários de seus ângulos. Neste conhecido e influente ensaio, ênfase particular é dada à questão da criatividade, à avaliação de vertentes psicologistas (junguiana, psicanalítica etc.) da análise literária e aos processos psicológicos associados à leitura e ao autor.