Usos não convencionais de vírgulas em bate-papos virtuais
Os sinais de pontuação têm sido um aspecto importante no currículo escolar, pois a escola se ressente de que os alunos não sabem pontuar sua produção escrita. Se a pontuação em textos canônicos escolares ainda é um objeto árido, o que dizer sobre a pontuação na internet? Viviane Vomeiro Luiz Sobrinho traz este assunto à lume em seu livro sobre o fenômeno dos usos e ausências de vírgulas em chats. Raros são os estudos que se debruçam sobre o fenômeno da pontuação na internet, principalmente que mostrem o que pode nos revelar os usos não convencionais de vírgulas em bate-papos virtuais – um objeto de pesquisa muito bem construído pela autora, cuja contribuição é inegável para quem se interessa por Linguística, Ensino de Língua Materna, Comunicação, Educação e tantas outras áreas afins.
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Os sistemas clássicos limitavam-se geralmente a registrar a dicotomia artificial das artes do espaço e das artes do tempo. A classificação tradicional das artes opõe as três artes plásticas (arquitetura, pintura e escultura) às três artes rítmicas (dança, música e poesia). Uma das grandes descobertas de Etienne Souriau, segundo Huisman, consistiu na crítica da oposição entre o plástico e o rítmico. Com efeito, ele mostrou como as artes plásticas comportam igualmente um tempo essencial, como as artes ditas do tempo, e que as artes rítmicas são tão espaciais como as ditas do espaço.
O livro analisa parte da correspondência do contista João Antônio (1937-1996), especificamente um conjunto de cartas trocadas entre o autor paulistano e o amigo e colaborador Jácomo Mandatto entre os anos de 1962 e 1995. Nelas, a pesquisadora investiga a relação dos missivistas com o mercado editorial, bem como as estratégias utilizadas por eles para ampliar a venda dos livros. Além disso, as cartas demonstram a importância dada pelos correspondentes ao trabalho dos críticos de literatura. A discussão sobre a linguagem empregada por João Antônio nesta correspondência também faz parte da análise. A tese central é a de que as cartas do escritor mantêm um diálogo constante com sua obra, seja do ponto de vista do tema, seja do ponto de vista formal, uma vez que há coincidências no que concerne ao trato com a linguagem. Centenas de cartas guardam muitas similaridades com a obra do escritor, que nelas cria uma atmosfera ficcional que as faz mais um meio de difusão de sua literatura. Deste ponto de partida, é discutido ainda o estatuto do gênero "carta" e a diluição dos gêneros empreendida pelo contista em sua produção epistolar e também ficcional. As cartas também seriam parte de um projeto, mais ou menos consciente, dos dois amigos de fundir suas imagens públicas e privadas, promovendo a diluição das fronteiras entre realidade e ficção.
Trata-se de um estudo sobre as práticas de leitura em Assis, na região Oeste do interior de São Paulo. Verifica a preferência por determinados autores nas escolas de primeiro grau nas décadas de 1920 a 1950. Essas escolhas revelam a articulação de valores como o nacionalismo e o progresso. Escritores como Monteiro Lobato, por exemplo, representavam a possibilidade de ascensão social e individual perante o desenvolvimento e o progresso que se alastravam pelo interior paulista no período enfocado. A escolaridade, por sua vez, era então vista como garantia de inserção social bem-sucedida.
Este trabalho objetiva definir o que significou o fragmento literário para o pensamento filosófico e teórico do Primeiro Romantismo Alemão, como o mesmo fragmento configurou-se numa forma original de expressão e de que maneira ele se aproxima da poiesis, apagando os limites entre criação artística e reflexão teórica. Com os primeiros românticos, sobretudo Novalis e Schlegel, a ideia de crítica literária perderá muito de sua característica judicativa, isto é, uma obra de arte já não deveria ser entendida, analisada ou julgada por um conjunto de valores predefinidos, fundamentados no gosto ou nas normas vigentes nos mais diferentes tratados estéticos de composição. Assim, notadamente em Novalis, surge o fragmento literário, uma espécie de estrutura aforística, que encontra sua forma na herança do pensamento filosófico greco-latino, sobretudo, nas grandes ruínas textuais do pensamento pré-socrático. Mediante o fragmento literário, Novalis revê o ideal de crítica com base em uma linguagem criadora: a poiesis original, que se amalgama à linguagem teórica e potencializa os sentidos da crítica, que passa a atentar para a estrutura e as características singulares de cada obra, e não mais se permite guiar por um conceitual padronizado, prefixado, com suas normas, postulados e regras gerais.
Atualmente, há cerca de vinte milhões de analfabetos no Brasil, resultantes de um processo histórico longo, com lutas políticas e ideológicas mal resolvidas. Ao cidadão talvez pareça natural a ideia de que o Estado tem o dever de propiciar a todos os indivíduos, por meio da educação, o acesso à leitura e à escrita, como uma das principais formas de inclusão social, cultural e política e de construção da democracia. Nesta obra, a autora aborda conceitos como alfabetização e analfabeto, até sua gradativa substituição por expressões e noções como letramento e iletrado. Analisa a trajetória percorrida e o esgotamento de determinadas possibilidades teóricas e práticas no campo educacional evocando meios para sua superação, bem como para o resgate da dívida histórica com os excluídos da participação social, cultural e política no Brasil.