De modo geral, a historiografia brasileira da sociedade colonial privilegia, sem sombra de dúvida, as mulheres de origem africana; pouco analisa as mamelucas e as mestiças de índios e negros; e esquece as brancas de condição nobre para se debruçar apenas sobre as plebeias pobres. Há que aprofundar a pesquisa e procurar equilibrar o estudo dos vários elementos constitutivos da população feminina da colônia. Até agora, os estudos de demografia histórica têm sido os mais equilibrados, apesar dos limites impostos pela documentação utilizada, pouco sensível aos matizes étnico-culturais ao englobar, sob a designação genêrica de pardas, grupos distintos de cafuzas, mamelucas, bastardas e mulatas, e também pouco atenta ao título de donas atribuído a algumas mulheres nas listas nominativas de habitantes, em documentos notariais ou nos assentos de matrimônio. Apesar dos dados demográficos em desequilíbrio, a diferença social e jurídica entre donas e plebeias era tão visível em Minas Gerais quanto nas demais capitanias, e ela nos ajuda a compreender certas práticas sociais como, por exemplo, a relevância da reclusão conventual feminina. Esta obra analisa esse viés inexplorado e preenche tal lacuna historiográfica.
Maria Beatriz Nizza da Silva, nascida em Lisboa, é professora titular aposentada de Teoria e Metodologia da História na Universidade de São Paulo (USP). Publicou, pela Editora Unesp, Ser nobre na colônia (2005); História de São Paulo colonial (organização, 2009) e Cultura letrada e cultura oral (2013).
Estudo inédito que percorre quase três séculos de nobreza no Brasil. Destaca as mudanças ocorridas ao longo do processo histórico do país, divididas em três fases: do início da colonização até 1750; do ministério pombalino à chegada da Corte ao Rio de Janeiro; e de 1808 ao movimento constitucionalista. Um retrato fiel da nobreza no Brasil Colônia que revela tanto a complexidade da vida familiar, civil, militar e política, como os esforços da nobreza para manter o seu estilo de vida, a qualquer custo.
Este livro aborda momentos cruciais da história da capitania de São Paulo, como os períodos em que esta se chamava capitania de São Vicente e pertencia a donatários; o das Minas de Ouro, quando perdeu grande parte de seu território e passou a estar subordinada ao governo do Rio de Janeiro; e a restauração de sua autonomia até o movimento constitucionalista. O resultado não é um simples resumo da historiografia sobre São Paulo. Há dados fornecidos por obras recentes e mesmo por teses universitárias ainda não publicadas, além de intensas pesquisas realizadas em arquivos de São Paulo, Rio de Janeiro e Lisboa. Por isso, temos aqui elementos para o que se poderia considerar uma "história ainda não contada de São Paulo".
Este é um livro exclusivamente dedicado às narrativas de viagem que mencionam o Brasil, catálogo acessivel e de fácil consulta, que oferece ao leitor dados acerca dos autores e de suas obras. O painel resultante exibe tanto a rica complexidade do país e de suas origens quanto a riqueza dos olhares que lhe dedicaram atenção.
Obra traz à tona o protagonismo das famílias na definição de fronteiras do Brasil colonial Com foco na comunidade de Santana de Parnaíba, este livro revela como as famílias das três classes sociais desenvolveram modos para viver na colônia. Por meio da reconstrução das estratégias de sobrevivência dessas famílias – estratégias entremeadas com padrões de casamento, criação dos filhos, transmissão de herança e com a busca de oportunidades no interior –, aprendemos como elas sobreviveram no interior da América portuguesa, mas também como reforçaram os alicerces das desigualdades que perdurariam por gerações.
Procurando elucidar aspectos do processo de formação do conceito de nacionalidade na história brasileira, a historiadora analisa o período de passagem do trabalho escravo ao trabalho livre. Isso permite apreender a especificidade do período colonial e de seus conflitos sociais. A expansão cafeeira aparece como elemento duplo de redeterminação e conservação dos antagonismos, fonte de perpetuação de um conflito que esta obra procura abranger.