Segundo livro de Nashieli Rangel Loera sobre o tema, Tempo de acampamento conduz o leitor através do mundo das ocupações, retratando a vida, experiências e objetivos de homens e mulheres que decidem conquistar um pedaço de terra no Brasil por meio dos movimentos populares organizados. Como metodologia, a autora optou por acompanhar no campo a trajetória de duas famílias, avaliando-as segundo as categorias nativas para compreender o significado que conferem às suas próprias experiências: tempo de acampamento, tempo de barraco, tempo de luta e tempo de reforma.
Rangel Loera, porém, acompanhou, simultaneamente, o percurso de outros tantos homens e mulheres, a maior parte entre 2002 e 2009, desde os seus primeiros acampamentos. Quando encerrou o trabalho de campo, ela constatou que muitos dos seus interlocutores continuavam a vida peregrina e passou a questionar sobre que outros motivos, além do projeto de “pegar um pedaço de terra”, levariam aquelas pessoas para o mundo das ocupações.
Muitos dos integrantes dos movimentos, a autora pontua, almejam também “manter os filhos junto deles” e principalmente “tirá-los da violência da cidade”, enquanto outros buscam um novo sentido para a vida esgarçada e a possibilidade de reconstruí-la. No trajeto até a eventual concretização do sonho as famílias mudam várias vezes de acampamento, voltam para a cidade e retornam, em poucos meses, para as ocupações, desenhando um trajeto caótico de sofrimento, perdas e obrigações cumpridas.
Autor deste livro.
Uma das principais figuras do marxismo contemporâneo, o historiador inglês Perry Anderson, defende aqui a atualidade de pensar a política valendo-se da história. Sua estratégia é reunir ensaios de alguns dos mais conhecidos autores contemporânoes que abordaram tal relação. O resultado é uma coletânea com nomes como Norberto Bobbio Max Weber, Ernest Gellner, Carlo Ginsburg e Fernand Braudel.
A relação dinâmica entre os homens e as suas roupas, dissecada sob um enfoque sociológico e artístico, é o tema deste livro. Todo um jogo de valores, de identidades e de metáforas sociais, políticas e éticas é analisado com base no uso da roupa preta pelos homens ao longo dos séculos. Abordagens do uso do preto na Espanha, durante o reinado de Felipe II (1556-1598), na época de Shakespeare e na obra de Charles Dickens, as casas sombrias na Inglaterra, as vestimentas masculinas e femininas e o uso do preto no mundo contemporâneo. Utilizada inicialmente no Ocidente como símbolo de luto, a roupa preta vem ganhando, ao longo do tempo, uma proximidade cada vez maior com o poder.
A escrita de Florbela faz parte de um movimento de renovação que teve lugar no Portugal dos anos 20 e 30, e quem vem na (con)seqüência do alto Modernismo de 1913-1917 com o seu epicentro no Orpheu de Fernando Pessoa e Sá-Carneiro. Mas não tem parecido assim. Esta série de análises apaixonadas e sistemáticas de Renata Soares Junqueira traz essa contribuição preciosa para a reavaliação e releitura de uma das vozes mais intensas do moderno lirismo em português. Fernando Cabral Martins. Universidade Nova de Lisboa.
Neste obra, o historiador e antropólogo Jack Goody empreende estudo comparativo entre os vários “renascimentos” que ocorreram nas culturas ocidental e oriental. Movido pela desconstrução do discurso eurocêntrico sobre a singularidade do Renascimento italiano em relação à história mundial, o intelectual britânico localiza, analisa e traça paralelos e conexões com as eras douradas da China, da Índia, do Islã e do judaísmo. Sem negar a especificidade do florescimento europeu, esse rigoroso e acessível trabalho destaca a importância de contribuições de outras culturas para a construção da modernidade, tida pela historiografia tradicional como obra exclusivamente europeia.
Dedicada à produção ficcional relacionada ao mito e à magia, esta antologia apresenta um diversificado panorama sobre o assunto, a partir de ensaios que refletem sobre essas histórias, algumas da Antiguidade, outras, contemporâneas. Todas atualmente presentes como parte indissociável da cultura universal: o mito de Édipo, a fábula árabe, o Sebastianismo, o romance gótico, os primórdios da narrativa policial, entre outras representações.