A escrita de Florbela faz parte de um movimento de renovação que teve lugar no Portugal dos anos 20 e 30, e quem vem na (con)seqüência do alto Modernismo de 1913-1917 com o seu epicentro no Orpheu de Fernando Pessoa e Sá-Carneiro. Mas não tem parecido assim. Esta série de análises apaixonadas e sistemáticas de Renata Soares Junqueira traz essa contribuição preciosa para a reavaliação e releitura de uma das vozes mais intensas do moderno lirismo em português. Fernando Cabral Martins. Universidade Nova de Lisboa.
Departamento de literatura da Faculdade de Ciências e Letras Unesp, câmpus de Araraquara (SP).
Coletânea de 24 estudos acerca de obras de língua portuguesa que se situam na área fronteiriça entre história e literatura. Assumindo este foco, as discussões empreendidas cobrem um período que vai da Idade Média até nossos dias, envolvendo, assim, um riquíssimo elenco de autores: de Camões a Vieira, Herculano e Antero de Quental, entre outros.
Quando, no fim do século 19, a forma dramática baseada no diálogo e nas ações decorrentes de relações intersubjetivas entra em crise pela incapacidade de expressar a situação do sujeito no contexto social, o foco da dramaturgia volta-se para o sujeito isolado e introvertido. Essa forma de representação viria a caracterizar não apenas o teatro, mas a arte moderna em geral. Esse sujeito, transformado em “coisa”, peça da engrenagem industrial, ao poucos vai perdendo a capacidade de diálogo e vê sua vontade de agir cerceada pelo sistema socioeconômico decorrente do avanço do capitalismo industrial. Com a rarefação do diálogo o drama sobreviveria transformando-se. Daí, o teatro moderno ser povoado de personagens introvertidas e autocentradas, mais afeitas ao monólogo. Neste livro aautora busca entender o teatro moderno a partir de personagens que carregam essas características – o protagonista do drama homônimo de Auguste Villiers de l’Isle-Adam (1838–1889), o misantropo radical Axel, que renuncia à vida para não ver frustrados os seus sonhos; e o ícone do homem atual, ou seja, o homem solitário e oprimido pelo mundo circundante, figurado em O grito (1893), quadro do pintor norueguês Edvard Munch (1863–1944). No decorrer da obra ela aborda criações que compõem a história do moderno teatro português entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do 20. Entre os autores analisados, estão Eugénio de Castro, Manuel Teixeira-Gomes, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, António Patrício, Raul Brandão e Branquinho da Fonseca.
As cinco entrevistas compiladas neste volume não se limitam a discutir a prolífera produção do crítico Edward Said. Realizadas pelo jornalista David Barsamian entre 1987 e 1994, elas apresentam o homem detrás da obra, desvelando suas angústias e opiniões sobre um momento histórico impar para as relações entre Israel e a Palestina.
A correspondência entre Casais Monteiro e Ribeiro Couto marca o início de uma nova fase nas relações entre escritores portugueses e brasileiros. As cartas acompanham a introdução dos autores brasileiros em Portugal e a publicação dos ensaios de Casais Monteiro sobre a poesia de Ribeiro Couto, Manuel Bandeira e Jorge de Lima. A obra mostra ainda, por exemplo, a cumplicidade deles em momentos difíceis, como quando Casais foi preso, a sua indicação por Ribeiro Couto para escrever em jornais brasileiros, o desentendimento entre os amigos em meados dos anos 1940 e a posterior reaproximação.
Este é o primeiro volume da coleção Pequenos Frascos, de obras com textos menos conhecidos (e, de certa forma, "marginais") de autores consagrados nas mais diversas áreas. Neste volume há uma compilação de escritos satíricos de Jonathan Swift, escritor irlandês do século XVII. O texto que o intitula é um pequeno grande achado: o autor apresenta uma polêmica solução para o problema das crianças famintas que perambulava pelas ruas da Irlanda na época. É um "mundo dos horrores" modo pelo qual o autor convoca a todos para a liberdade de pensar "pelo avesso", porque "o mundo está direitinho demais para estar certo".