O autor mergulha no clássico Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, para mostrar os mecanismos lingüísticos que relacionam o discurso verbal ao plástico, chegando a concepções sobre o pensamento estético de Proust, que podem ser ampliadas para o questionamento sobre a atividade artística, em suas mais variadas formas de expressão. Realiza um paralelismo entre diferentes sistemas lingüísticos, especialmente entre literatura e pintura, gerando uma ampla discussão sobre os elementos fundamentais proustianos. Mostra como o discurso se vale da palavra para romper os limites do dizível e permite uma visão da capacidade de Proust de entrelaçar intelectualismo e impressionismo, o que lhe possibilitou atingir os mais delicados matizes em sua reprodução de estados sensoriais e espirituais.
Aguinaldo José Gonçalves é poeta, ensaísta e professor de Teoria da Literatura da Unesp. Tem trabalhos publicados no Brasil e no exterior, sobre as relações entre poesia e artes plásticas. É autor, entre outros, de Transição e permanência: Miró/João Cabral - da tela ao texto, Laokoon revisitado - Relações homológicas entre texto e imagem e Vermelho
Discutindo conceitos fundamentais, como ideologia, significação e discurso, e analisando escolas que se aproximam das idéias de F. R. Leavis, o marxismo althusseriano, o pós-estruturalismo de Foucault e Derrida e o New Historicism, os autores defendem que existem importantes deficiências nas bases conceituais e nas implicações políticas e literárias da teoria literária contemporânea.
Aguinaldo Gonçalves analisa o sistema poético da obra A educação pela pedra , de João Cabral de Melo Neto, a partir da macroestrutura e de alguns procedimentos de linguagem do livro e o situa no conjunto da obra do poeta. Em seguida, a partir de observações sobre a poética pictórica do pintor espanhol Joan Miró, Gonçalves busca estabelecer aquilo que chama de “homologia estrutural” entre as duas linguagens – a poética e a pictórica –, mantendo essa identidade de base sem cair na arbitrariedade que frequentemente ronda os estudos comparados. As observações de ordem intertextual feitas acerca do poeta permitem o salto para essa intersemioticidade por onde entra o pintor. Essa comparação entre as artes prepara analiticamente a investigação da linguagem do poeta como marcada por uma intensa leitura da própria obra (o que o autor chama de autotextualidade), sem deixar de considerar as relações de João Cabral com as artes plásticas. Essas leituras de Aguinaldo José Gonçalves são todas elas momentos de convergência em que o verbal e o visual tecem uma rede muito bem tramada de anotações analíticas.
Estudo básico sobre Cláudio Manuel da Costa. O autor elabora uma avaliação precisa do contexto literário arcádico no país e uma análise original da obra do poeta mineiro.
Obra que retrata o Museu Paulista (conhecido como Museu do Ipiranga), a partir de sua construção, em fins do século XIX, como depositário da memória nacional atrelada à paulista, construída por meio da epopeia bandeirante e da vocação desbravadora paulista, desde os tempos coloniais e materializada em objetos, documentos e iconografia, em uma narrativa cuja pertinência das análises e profundidade da pesquisa tornam o livro fundamental para os estudos sobre a disciplina História, conforme definida na ocasião e nas décadas iniciais do século XX. Resgata a figura de Affonso d'Escragnolle Taunay, quem literalmente forjou a vocação histórica do Museu Paulista durante sua atuação como diretor entre 1917 e 1939, dando lógica e ordenamento à coleção de objetos históricos espalhados pelo prédio anteriormente, separando o objetivo inicial de dedicação às ciências naturais e à exposição de exemplares da fauna e da flora brasileiras.
Nesta longa e minuciosa pesquisa, realizada quase totalmente na Itália entre 2001 e 2009, Maria Betânia Amoroso recupera e analisa as impressões deixadas por Murilo Mendes entre os italianos durante o período em que ele viveu naquele país (1957 a 1975). Seu maior objetivo é contribuir para a releitura do percurso do poeta e de sua abrangente obra, ao iluminar aspectos ainda poucos estudados de sua trajetória.