O processo de modernização da cidade de Franca (SP), ocorrido entre 1890 e 1940, tratado neste livro possibilita ao leitor constatar a excelência da pesquisa desenvolvida e a riqueza de possibilidades interpretativas que a história local/regional oferece. A história das cidades pode contribuir para que se constate que o processo histórico das diversas regiões brasileiras compõe-se de casos semelhantes, com profundas particularidades. Cabe a conveniência de que essa perspectiva seja levada em conta quando se projetam políticas públicas de alcance nacional, tendo em vista que o autor aborda temas como a arrecadação pública, a paisagem urbana moderna e as conseqüências sociais das alterações urbanísticas, principalmente no que se referem à vida das camadas da população mais afastadas do centro do poder.
Fransérgio Follis é mestre em História e doutor em Sociologia pela Unesp. Coordena o Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo do Centro Universitário Central Paulista (Unicerp) e ministra aulas nas áreas de Ciências Sociais e História nos cursos de graduação em Direito, História, Letras, Pedagogia, Administração, Psicologia, Comunicação Social e Engenharia na mesma instituição. É autor também dos livros Modernização urbana na Belle Époque paulista e Estação: o bairro-centro.
No Brasil, a emergência de uma vida urbana conectada com os ideais de modernidade teve sua origem na virada do século XIX para o XX, período de aumento do fluxo migratório para as cidades do centro-sul do país. Entretanto, o crescimento desordenado e a política urbana patrimonialista dessas cidades dificultaram a democratização dos equipamentos e serviços públicos urbanos, contribuindo para que essas cidades se tornassem espaços de árduas lutas por cidadania. Nesta obra, Fransérgio Follis procura desvendar como se processou a expansão urbana e a obtenção de direitos sociais pelos moradores da perifieria de Franca, cidade do interior paulista, no período compreendido entre os anos de 1890 e 1996. Mais especificamente, interessa ao autor descobrir como o poder público municipal promoveu uma política urbana orientada para o atendimento dos interesses privados e avaliar o papel desempenhado pelos moradores da cidade na conquista de equipamentos e serviços públicos urbanos.
Italianidade no interior paulista – Percursos e descaminhos de uma identidade étnica (1880-1950) chega ao público como importante referência no campo dos estudos migratórios. Resultado de longa pesquisa, investiga não apenas a chegada de imigrantes italianos às lavouras cafeeiras, mas também o processo de constituição do sentimento de “italianidade” que se completou em terras brasileiras.
Em sua análise da mão de obra e do mercado interno no Oeste Paulista, especificamente nas regiões de Araraquara e São Carlos, entre 1830 e 1888, a autora aponta uma diversidade da transição, da organização e da disciplina do mercado de trabalho livre, com predominância da convivência de trabalhadores nacionais, forros ou libertos, e estrangeiros recrutados na Hospedaria de Imigrantes, em São Paulo. As condições de vida, porém, eram similares. Escravos libertos pediam adiantamento para a compra de sapatos, enquanto os trabalhadores nacionais pobres, desnutridos e maltrapilhos, habitavam casas de pau a pique semelhantes a senzalas e também iam descalços para a lavoura. Os imigrantes, por sua vez, viviam igualmente uma realidade precária. Predominava o sentimento de futuro incerto, com muito trabalho, pouco usufruto e reduzidas perspectivas de melhoria.
Iniciação à análise geoespacial apresenta, com vasta profusão de exemplos práticos, as principais bases conceituais dos sistemas de informação geográfica (SIG), desvendando a inventividade humana detrás de sofisticados softwares cada vez mais presentes em nosso cotidiano.
O termo recolonização está envolvido em discussões. Empregado originalmente para designar a intenção das Cortes portuguesas de restaurar o domínio de Portugal sobre o Brasil, causou controvérsia desde o seu aparecimento, sendo aplicado das mais diversas formas, principalmente pelo grupo político que, a partir de de 1822, aliado a D. Pedro I, se tornou dominante no Brasil. Este livro discute como o uso do conceito de recolonização sempre teve fins políticos. A expressão era utilizada e pautgada para justificar as reações contra o intervencionismo luso no Brasil e como argumento nacional para desobedecer às determinações de Lisboa e defender a separação da nação brasileira da portuguesa.