Raízes e polarizações
Partindo das concepções filosóficas distintas de Hannah Arendt e Hebert Marcuse, Maria Ribeiro do Valle nos oferece amplo subsídio para o aprofundamento da questão sobre o uso da violência para a transformação da sociedade. A autora busca os fundamentos epistemológicos que nortearam as reflexões de Arendt e Marcuse sobre contestação estudantil nos anos 1960 – resgatando, neste percurso, o pensamento de Tocqueville, Hegel e Marx –, e detalha os posicionamentos teóricos e políticos dos dois pensadores. O resultado é um reflexão que, além de colocar a questão social no centro do problema politico, possibilita pensar criticamente o mundo contemporâneo.
Maria Ribeiro do Valle, nascida em Guaxupé, Minas Gerais, em 1968, graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Fez mestrado e o doutorado no Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Faculdade de Educação da Unicamp. Em 1999 publicou 1968: O diálogo é a violência: movimento estudantil e ditadura militar no Brasil (Editora da Unicamp). Atualmente é professora no Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Araraquara.
Herbert Marcuse (1898-1979) obteve nos anos 1960 uma popularidade para além do meio acadêmico. Filósofo de formação, participou do Instituto de Pesquisas Sociais, conhecido como “Escola de Frankfurt”, colaborando para o projeto da teoria crítica da sociedade junto com Max Horkheimer e Theodor Adorno. Os estudos sobre Marcuse sofreram uma espécie de “eclipse” nos anos 1980, mas foram retomados no final dos 1990. A organização de uma Sociedade Internacional Herbert marcuse (IHMS) e, 2002 colaborou para agregar pesquisadores e estudiosos de Marcuse e da teoria crítica. O objetivo não é tanto a mera interpretação teórica da obra de Marcuse, mas sua atualização crítica frente à realidade do tempo presente. No Brasil, desde os anos 2000, houve um aumento no interesse por Marcuse. Este livro inclui-se nesse processo e visa colaborar para o entendimento e a compreensão da teoria crítica marcusiana. Sua intenção é mostrar o caráter filosófico da obra de Marcuse e, ao mesmo tempo, o significado de filosofia pra ele. Percorre-se a questão ontológica, a perspectiva marxista e a influência psicanalítica.
Casos de confrontos entre marxistas e anarquistas são abundantes. Eventualmente, resgata-se histórias de colaboração e convergência. Besancenot e Löwy vão além: querem, sob o signo da I Internacional, salientar a solidariedade histórica entre militantes anticapitalistas de todas as vertentes. Descrevendo a trajetória dos movimentos sociais da Comuna de Paris aos nossos dias, discutem ecossocialismo, planifcação, federalismo, democracia direta e a relação sindicato/partido. Trata-se de uma obra sensível, entremeada pela esperança de que o futuro seja construído com cores vermelhas e negras.
Eugenio Garin procura mostrar como um tipo de cultura estreitamente relacionado originalmente às cidades italianas do início da Época Moderna acaba por se constituir uma das precondições para a renovação da ciência e do pensamento científico, trazendo uma nova concepção das relações entre o homem e as coisas, universalizando assim o que parecia específico e localizado.
Com o título de "A doutrina aristotélica da ciência" este livro foi tese de doutoramento, defendida na Universidade de São Paulo em 1967, logo tornado um clássico entre os especialistas. Ao estudar os Segundos Analíticos, obra reconhecidamente difícil de Aristóteles, Oswaldo Porchat Pereira mostra inicialmente a coerência interna da teoria da ciência tal como exposta no Livro I daquele tratado contra aqueles que nela viam principalmente ambigüidades e hesitações. Demonstra, em seguida, como o Livro II é o complemento indispensável do primeiro, em vez de se contrapor a ele ou de corrigi-lo, como geralmente se pretendia. Por fim, acentua a complementaridade entre a teoria analítica da ciência e a dialética aristotélica, colocando-se, assim, na contracorrente dos estudiosos que insistem em postular oposições desnecessárias entre a teoria e a prática da ciência no filósofo grego.
Esta coletânea de textos analisa os aspectos centrais da produção de John Searle, um dos mais destacados intelectuais norte-americanos contemporâneos que tem se notabilizado por sua inovadora contribuição à Filosofia da Linguagem. Composto por doze ensaios, o volume discute o legado de sua obra e propõe abordagens inovadoras para questões da área.