Em dez ensaios, um dos maiores antropólogos brasileiros, Roberto Cardoso de Oliveira, aborda diversos aspectos relacionados à sua especialidade. O livro divide-se em três partes. A primeira, "O conhecimento antropológico", é dedicada à epistemologia da antropologia social e cultural. A segunda, "Tradições intelectuais", busca identificar as raízes das antropologias, notadamente as denominadas "periféricas", em comparação com as "centrais" ou metropolitanas. Por fim, a terceira, "Eticidade e moralidade", volta-se para o que se poderia chamar de "discurso prático", e nela o autor retoma a temática de um recente livro seu, em que explora a teoria da ética do discurso em conexão com a antropologia. 2ª edição - revista e atualizada. (Co-edição: Paralelo 15)
Roberto Cardoso de Oliveira (1928-2006) foi professor emérito (Unicamp), doutor Honoris Causa (UFRJ e UnB), membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academy of Sciences for the Developing World (TWAS), Grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (Governo Federal), além de possuir várias outras distinções acadêmicas. Doutor em Sociologia pela USP e com estágio pós-doutoral na Universidade de Harvard, lecionou em várias universidades do exterior e do Brasil, tendo ainda criado os programas de pós-graduação em antropologia do Museu Nacional (UFRJ) e da Universidade de Brasília (UnB). Entre suas obras publicadas estão Caminhos da identidade: Ensaios sobre etnicidade e multiculturalismo (Editora Unesp, 2.ed., 2023), Os diários e suas margens: Viagem aos territórios Terêna e Tükúna (Fundação Biblioteca Nacional/EdUnB, 2003) e Sobre o pensamento antropológico (Tempo Brasileiro, 3.ed., 2003).
Livro que apresenta uma reunião de textos que adicionam novos temas a questões tradicionalmente abordadas, ao longo de mais de quatro décadas, por Roberto Cardoso de Oliveira. Aqui é tratada temática da identidade étnica, a sua relação com os fenômenos culturais e com o mundo moral: a recuperação da dimensão do Ego associada ao problema da liberdade frente às possibilidades de manipulação da identidade étnica; as vicissitudes da identidade étnica e/ou nacional nas mais variadas situações observáveis no interior das sociedades anfitriãs de grande escala; e, finalmente, a transposição de uma experiência de pesquisa até então centrada nas relações entre índios e não índios passa, agora, para um estudo voltado à gênese de ideologias étnicas numa nação milenar.
Neste livro, o autor transita do estudo de populações tribais e suas relações com as sociedades nacionais circundantes para o estudo de antropologias “nacionais” existentes em sociedades complexas e industrializadas. Seu principal interesse está nas interações entre essas antropologias nacionais e as antropologias “centrais” ou “metropolitanas”, nas quais as primeiras ocupam uma posição periférica. É como se passasse da etnografia de culturas tribais para a investigação das “culturas antropológicas” ou das tribos indígenas para as “tribos” de antropólogos. O resultado é um trabalho original e esclarecedor, empreendido por um dos nomes mais emblemáticos da antropologia brasileira.
Os ensaios que compõem O trabalho do antropólogo compilam e apresentam ao leitor diversas das principais facetas do pensamento de Roberto Cardoso de Oliveira, um dos principais nomes dos estudos antropológicos no Brasil e figura fundamental no estabelecimento dessa disciplina no país. “Pareceu-me que abordar um tema frequentemente visitado e revisitado por membros de nossa comunidade profissional não seria de todo impertinente, posto que sempre valerá pelo menos como uma espécie de depoimento de alguém que, há várias décadas, vem com ele se preocupando como parte de seu métier de docente e de pesquisador; e, como tal, embora dirija-me especialmente aos meus pares, gostaria de alcançar também o estudante ou o estudioso interessado genericamente em ciências sociais [...]”
A sofrida trajetória do alemão Rüdiger Bilden, contemporâneo e amigo de Gilberto Freyre, a quem influenciou de modo expressivo, é o tema central deste livro, escrito por Maria Lucia Garcia Pallares Burke, autora de Gilberto Freyre – um vitoriano dos trópicos (Editora Unesp, 2005). A obra retrata o brilhantismo intelectual, a ascensão e a queda no ostracismo do pensador alemão nascido em 1893.
Esta obra faz uma crítica à execução da medida socioeducativa em meio aberto liberdade assistida, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo argumentação teórica, lastreada em pesquisa empírica nos processos de ato infracional, "a intervenção judicial não garante o acesso dos adolescente à plena cidadania, uma vez que não visa à superação da exclusão social e das condições precárias de cidadania - o que, de acordo com o documento legal, deveria ser a finalidade da medida". Trata-se de processo de normalização em que a intervenção estatal se resume à vigilância dos indivíduos e das famílias, até que o adolescente seja reinserido nos aparelhos disciplinares da escola, da empresa e da família normalizada. "Se isso não correr, o resultado da medida acaba por ser o registro da história de vida do delinquente juvenil, à disposição dos aparelhos de repressão criminal."