João Guimarães Rosa, contista, romancista, novelista, médico e diplomata, integra o time dos grandes nomes que fizeram parte da terceira geração do modernismo. Nasceu em 27 de junho de 1908, no município de Cordisburgo, Minas Gerais, formou-se em medicina em Belo Horizonte (1930) e trabalhou no interior mineiro - onde teve contato com as falas do sertão presentes em suas obras.
Entrou para carreira diplomática por volta de 1934, atuando na Europa e América do Sul, dividido entre a literatura e a carreira diplomática publicou seu primeiro livro de contos, Sagarana, em 1946. Mais tarde, publicou Corpo de Baile (1956), Grande Sertão: Veredas (1956), Primeiras Histórias (1962), reunindo 21 contos curtos, e Tutaméia (1967), conjunto de 40 contos.
Foi um dos principais representantes do regionalismo brasileiro, ocupando a cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras por apenas três dias, depois de adiar por quatro anos sua posse. Morreu em 19 de novembro de 1967, no mesmo ano em que foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, tendo, deste modo, sua indicação cancelada.
Quase todos os contos e romances de Guimarães percorrem o chamado sertão brasileiro e, alguns deles, são analisados em obras da Editora Unesp.
Autor: Luiz Roncari | 304 páginas | R$ 58 por R$ 10 (Na Queima de inverno até 29/06)
O grande desafio deste livro está na habilidade de realizar análises críticas de três dos principais escritores em língua portuguesa de todos os tempos: Guimarães Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade. Os elementos comuns estudados incluem a crítica à sociedade patriarcal nacional e, acima de tudo, uma ponte constante, com idas e voltas, entre a história e a literatura. Roncari consegue desvendar caminhos interpretativos com base na leitura atenta de descrições de cenas e paisagens, além de verificar como a escrita se comunica com o poder econômico e social. Texto e contexto são assim relacionados com extrema competência, mostrando como instabilidades de ordem social presentes no sistema capitalista encontram reflexo na literatura e vice-versa.
Autor: Carlos Erivany Fantinati | 414 páginas | R$ 66
A obra de Lima Barreto e a visão do escritor sobre a mulher e o negro; o amor, da perspectiva do personagem Riobaldo, de Guimarães Rosa; o livro Cadeiras proibidas, de Ignácio de Loyola Brandão, segundo um conceito literário surgido ainda na antiguidade; a letra da música Feijão maravilha, de Gonzaguinha, à luz do processo dialético da aprendizagem. Estes são alguns dos vários temas de que Carlos Erivany Fantinati se ocupa nesta obra, sintetizando sua longa carreira acadêmica.
Autora: Maria Célia Leonel | 288 páginas | R$ 56
Apesar de ter ganho o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras em 1937, Magma, de João Guimarães Rosa, ficou inédito, por vontade do autor, até 1997, quando foi publicado postumamente. Mesmo reconhecendo, como o próprio Rosa, o estatuto de obra menor dessa única incursão do magistral autor de Grande sertão: veredas no terreno da lírica, Maria Célia Leonel, professora da Unesp, câmpus de Araraquara, percebeu e pôs-se a estudar, de maneira cuidadosa e original, a importância dos poemas de Magma na germinação da prosa poética do ficcionista, sobretudo de Sagarana, sua primeira publicação.
Autor: Sérgio Vicente Motta | 504 páginas | R$ 98
Este livro apresenta uma história concisa do gênero narrativo, por meio do esboço da genealogia de suas principais formas, com a finalidade de caracterizar os elementos fundamentais e os princípios gerais de um sistema de representação literária e da sua linguagem artística. O trajeto evolutivo do gênero é recortado em três momentos fundamentais: a história antiga, o início da história moderna e um percurso de retorno à Modernidade.
Autor: Tieko Yamaguchi Miyazaki | 256 páginas | R$ 56
A autora estuda neste trabalho a trajetória de três brasileiros: um sargento, um capataz e um bacharel. São personagens de três obras conhecidas da literatura brasileira, Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro, Uma estória de amor (Festa de Manuelzão), de João Guimarães Rosa, e Bangüê, de José Lins do Rego. A ênfase é dada nas diferentes modulações do núcleo dramático comum, representado pela crise de identidade do herói, provocada por seu desenraizamento.
Autor: Luiz Roncari | 352 páginas | R$ 70
Livro que procura discutir parte da obra de Guimarães Rosa como sendo a de um intérprete do Brasil, de forma peculiar (como afirma o autor) que, nos seus três primeiros livros, apreciou os costumes da vida pública junto aos da vida privada, os familiares e amorosos, próprios do romance. Demonstra como as três obras iniciais de Rosa, Sagarana, Corpo de baile e Grande sertão: veredas, se relacionam e se imbricam, podendo as duas primeiras ser consideradas como estudos preparatórios para Grande sertão. Nessa perspectiva, o autor investiga a genealogia e a formação do herói jagunço; a gestação dos paradigmas amorosos de Grande sertão, já incubados em Sagarana e desenvolvidos num dos romances de Corpo de baile; e a teatralização do drama civilizatório no Brasil.
Autor: Luiz Roncari | 170 páginas | R$ 56
Ao prosseguir suas análises sobre o escritor mineiro Guimarães Rosa, o crítico Luiz Roncari se debruça neste livro sobre a “parte negra” do romance Grande sertão: veredas. A investigação sensível das agruras de Riobaldo em sua constituição de sujeito, do despreparo para ser chefe à ação integradora, mediada pela relação ambígua com o poder, é palmilhada com vagar pelo autor, deslindando os redemunhos frasais apenas para recompô-los sob nova luz, direcionada para o ato interpretativo.
A atenção aos meneios da pulsão formal, na transitividade profusa entre epopeia e romance, cifra destinos e modos de contar urdidos por uma voz narrativa que, oscilando entre o parecer das ações reportadas e o ser da intimidade que se confessa, compõe a híbrida figura de um “guerreiro penseroso”, cujo anseio central, ladeado pelas lutas e amores, é o da “superação de si”.
Autora: Gilca Machado Seidinger | 292 páginas | Download gratuito
Neste livro, Gilca Machado Seidinger estuda as relações entre enunciação, enunciado e história na obra Tutaméia, de João Guimarães Rosa, tratando também da versão alemã assinada por Curt Meyer-Clason. Pressupondo que o processo de tradução altera significações originais ou produz novas significações não previstas pelo autor, a autora recorre à narratologia genettiana, bem como à teoria das modalidades da tradução, de Francis Aubert, para examinar as quarenta narrativas do livro. Uma obra importante no campo dos estudos literários, voltada para a ficção de Guimarães Rosa, e que aborda, com muita competência, um dos livros mais complexos e menos estudados do autor, levantando, ao mesmo tempo, aspectos relevantes para a análise teórica e para a prática da tradução de textos literários, sobretudo os modernos, que proporiam ao tradutor desafios antes inimagináveis.