Para entender o Golpe de 1964 e suas consequências na vida social brasileira

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segunda-feira, 28 de março de 2016

Memorial Tortura Nunca Mais

Memorial Tortura Nunca Mais, no Recife, foi o primeiro monumento construído no país em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos brasileiros e representa o corpo de um homem nu em posição da tortura de pau-de-arara

Na madrugada de 31 de março de 1964, foi deflagrado um golpe militar contra o governo democraticamente eleito do presidente João Goulart, que culminou com sua derrubada em 1º de abril, instalando a ditadura militar que perdurou até 1985.

Os apoiadores do regime que se seguiu costumam designá-lo como "Revolução de 1964" e todos os cinco presidentes militares que se sucederam desde então declararam-se seus herdeiros e continuadores. Entretanto, a historiografia recente defende que não foi apenas um golpe militar, mas também civil-militar, já que contou com apoio de amplas camadas da população civil: proprietários rurais, burguesia industrial, classes médias, setor conservador e anticomunista da Igreja católica.

O golpe estabeleceu um regime autoritário, politicamente alinhado aos Estados Unidos, e marcou o início de um período de profundas modificações na organização política do país, bem como na vida econômica e social. Além da limitação da liberdade de opinião e expressão, de imprensa e organização, a partir de 1969 tornaram-se comuns as prisões, os interrogatórios e a tortura daqueles considerados suspeitos de oposição ao regime, comunistas ou simpatizantes, sobretudo estudantes, jornalistas e professores. Centenas de opositores ao regime foram mortos ou desapareceram.

Para compreender nossa história passada, lançando luzes ao presente, a Editora Unesp resgata de seu catálogo títulos que podem contribuir para o esclarecimento de um período nebuloso e trágico.

O fantasma da revolução brasileira

Autor: Marcelo Ridenti | Páginas: 376 | Preço: R$ 62,00

Este livro introduz o leitor aos anos 1960 e 1970, oferecendo-lhe uma visão abrangente, mas seletiva, dos fatos sobre os quais incide a análise histórica e sociológica. Análise séria e aprofundada, porém vazada em linguagem acessível, sem rebuscamentos dispensáveis. Aqueles anos de virada já suscitaram uma literatura numerosa de depoimentos pessoais, mas os trabalhos de pesquisa analítica ainda são escassos. Houve mesmo um declínio de interesse por aqueles anos malditos, na medida em que ganhou ímpeto, no país, o processo de finalização da ditadura militar e de reorganização democrática das instituições do Estado e da vida partidária.

Generalizou-se o ponto de vista segundo o qual a esquerda, que se empenhou na luta armada, cometeu erros primários, a respeito dos quais não valia a pena perder tempo. Mas semelhante ponto de vista se diluiu e os anos rebeldes despertaram atração em época recente, associados à vivência das enormes dificuldades econômicas e das complicações políticas que não deixam de influir nos acontecimentos internacionais relacionados com o desmoronamento dos regimes comunistas no Leste Europeu. Sendo assim, a publicação deste livro salienta-se por trazer respostas ou esclarecimentos às indagações das velhas e, sobretudo, das novas gerações politizadas ou despertadas para a atuação política.

Militares e militância: Uma relação dialeticamente conflituosa

Autor: Paulo Ribeiro da Cunha | Páginas: 296 | Preço: R$ 48,00

É realmente bom para a democracia que os militares fiquem longe da política? Ou seria melhor reconhecer que as forças políticas estão tão presentes nos meios militares quanto nos demais setores da sociedade?

Nesta obra, Paulo Ribeiro da Cunha assume uma posição polêmica ao defender que se reconheça e legitime a presença histórica da esquerda nas Forças Armadas Brasileiras. Ele analisa o longo período de militância dos militares de esquerda no país, dividindo-o entre a fase da “insurreição” – do fim do século XIX, com os “republicanos radicais”, até 1945 – e a fase de intervenção dos militares nas grandes causas nacionais, que se estende até 1964.

Ditadura em imagem e som

Autora: Caroline Gomes Leme | Páginas: 336 | Preço: R$ 60,00

Produto da dissertação de mestrado vencedora do Concurso Brasileiro Anpocs de Obras Científicas e Teses Universitárias (2012), o livro busca apreender os enunciados sociais e culturais construídos sobre o regime militar para analisar de que forma o cinema ressignificou e vem ressignificando o passado, verificar questões ainda obscurecidas, ambiguidades e tensões presentes na interpretação do processo histórico.

“Trata-se, assim, de apreender os filmes como “intérpretes” do passado a partir de seu lugar no presente, procurando compreender como a sociedade concebe a si mesma e a seu passado, dentro dos limites e condições de seu tempo”, diz a autora.

Controles e autonomia: As Forças Armadas e o sistema político brasileiro (1974-1999)

Autor: Samuel Alves Soares | Páginas: 224 | Preço: R$ 46,00

O objetivo central deste livro é verificar de que maneira a relação entre o aparelho militar e o sistema político no período de 1974 a 1999 afetou a consolidação da democracia do país. Este aspecto-chave foi desdobrado analiticamente em dois planos: o legal-institucional e a conjuntura política. No primeiro plano, a referência básica é a função das Forças Armadas na Carta Magna e as missões definidas nos textos infraconstitucionais, conferindo-se as principais posições defendidas pelos atores políticos relevantes - partidos, militares, empresários e sindicatos - na configuração legal da função e das missões atribuídas ao aparelho militar. O segundo plano focaliza a conjuntura do período indicado. Neste caso, trata-se de uma análise pontual de momentos cruciais da conjuntura política, pinçando os elementos diretamente vinculados àquela relação entre militares e sistema político.

Brasilidade revolucionária

Autor: Marcelo Ridenti | Páginas: 192 | Preço: R$ 46,00

Ao percorrer a trajetória de artistas e intelectuais que colaboraram para estabelecer certa intelligentsia brasileira de esquerda ao longo do século XX, Marcelo Ridenti resgata a imagem do país como fundador de uma verdadeira civilização tropical. Tal visão utópica, que contrasta com a brasilidade que tem sido retomada em versões de consumo fácil, seria uma aposta nas possibilidades da revolução brasileira, nacional-democrática ou socialista, que permitiria realizar as potencialidades de um povo e de uma nação.

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Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp