São recentes as preocupações de diferentes disciplinas e áreas do conhecimento em relação a questões que envolvem o corpo. Esta coletânea de escritos de pesquisadores brasileiros e europeus escolhe o corpo feminino como objeto particular para uma análise aprofundada de suas diferentes representações no discurso médico, legal, religioso, midiático, cotidiano, artístico e literário. Rastreando as concepções sobre o corpo da mulher desde a Grégia antiga, passando pelo Renascimento, até a sensualidade feminina presente nas festas populares do Rio de Janeiro, os onze escritos abarcam séculos de uma história feita de repressão, silêncio e resistência.
Maria Izilda Santos de Matos é professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Entre suas outras obras destacam-se: Melodia e Sintonia: o masculino, o feminino e suas relações em Lupicínio Rodrigues. Bertrand Brasil, 1999. Dolores Duran: Experi ências Boêmias em Copacabana nos anos 50.
Rachel Soihet é professora titular da Universidade Federal Fluminense, membro de corpo editorial da Revista Universidade Rural - Série Ciências Humanas e Sociais, membro de corpo editorial da Cadernos Pagu (UNICAMP. Impresso), membro de corpo editorial do Caderno Espaço Feminino (UFU), membro de corpo editorial da Gênero e Membro de corpo editorial da ArtCultura (UFU).
São muito recentes os estudos sobre a presença feminina nas Forças Armadas na América Latina. Os ensaios reunidos neste livro mostram como as mulheres que desejam integrar os quadros da instituição precisam se acomodar a uma estrutura tradicionalmente masculina, enfrentando preconceitos que vão desde a impressão de não serem disciplinadas à ideia de que não têm capacidade para suportar as duras tarefas físicas que a profissão militar impõe.
Esta obra faz uma crítica à execução da medida socioeducativa em meio aberto liberdade assistida, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo argumentação teórica, lastreada em pesquisa empírica nos processos de ato infracional, "a intervenção judicial não garante o acesso dos adolescente à plena cidadania, uma vez que não visa à superação da exclusão social e das condições precárias de cidadania - o que, de acordo com o documento legal, deveria ser a finalidade da medida". Trata-se de processo de normalização em que a intervenção estatal se resume à vigilância dos indivíduos e das famílias, até que o adolescente seja reinserido nos aparelhos disciplinares da escola, da empresa e da família normalizada. "Se isso não correr, o resultado da medida acaba por ser o registro da história de vida do delinquente juvenil, à disposição dos aparelhos de repressão criminal."
Este livro apresenta ampla análise sobre a profissão médica. Como o título sugere, sua ênfase está nos dois lados do significado da palavra – "profissão" como um tipo especial de ocupação e "profissão" como reconhecimento de uma promessa. Defende que é útil pensar a profissão como uma ocupação que assumiu uma posição dominante na divisão do trabalho e, assim, obteve sucesso ao controlar e determinar a substância de seu próprio trabalho. A profissão reivindica ser a autoridade mais segura em relação à natureza da realidade que lida. Quando seu trabalho característico lida com os problemas que as pessoas lhe trazem, a profissão desenvolve sua concepção própria e independente sobre esses problemas e tenta lidar com ambos, clientes e problemas, de sua própria maneira. Ao desenvolver sua própria abordagem "profissional", a profissão muda a definição e a forma com que os problemas são vividos e interpretados pelo leigo. O problema do homem leigo é recriado e gerenciado - uma nova realidade social é criada pela profissão. É a autonomia das profissões na sociedade que permite que elas recriem o mundo do homem leigo.
Este trabalho aborda a luta dos posseiros de Formoso e Trombas, região invadida duas vezes - a primeira logo após o golpe de 1964 por tropas da polícia e do Exército e a segunda em 1971 pelo Exército - e a participação do Partido Comunista Brasileiro por meio de seus militantes, analisando a penetração do capitalismo no campo no período 1950-1964. São avaliadas a estratégia política e a questão agrária no período 1945-1964 e a organização dos posseiros.
Esta obra se constrói a partir dos horizontes de São Gabriel da Cachoeira, cidade amazônica situada no Alto Rio Negro, com a maioria da população composta de indígenas. Tais características esboçam um quadro extremamente instigante de convivência entre índios e não índios, historicamente cristalizado sob os signos genéricos da exploração, da submissão e, de modo específico, das denúncias de violência sexual contra as mulheres.