Atribui-se ao arquiteto neoclássico prussiano Karl Friedrich Schinkel (1781-1841) o apelo à criação de um estilo próprio da modernidade em vez da imitação do passado. O historiador da arquitetura Reyner Banham (1922-1988) considerava a arquitetura moderna um estilo por não seguir a mudança incessante que lhe ditava a tecnologia. Entre a participação modesta na teoria da arquitetura anterior a Schinkel e a ação de uma entidade cultural, tão importante quanto o Deutscher Werkbund (1907), pela criação do design e da arquitetura modernos, a Alemanha tornou-se ativa na teoria arquitetônica. Se houve repercussão tanto do materialismo estético, como de várias doutrinas da estética filosófica, nem por isso deixou de haver teorias próprias do estilo arquitetônico, como as de Bötticher e Semper, que introduziram o espaço arquitetônico como problema a ser tratado pela escola formalista em história da arte. Neste livro, Marcos Faccioli Gabriel procura tornar os debates das vanguardas, dentro e ao redor do Deutscher Werkbund, mais transparentes e mais ricos em matizes, como o discurso tardio do crítico da arquitetura Sigfried Giedion por uma Nova Monumentalidade.
A ideia de paisagem pode remeter à interação entre o ser humano e a natureza da Terra, associada à emergência de um inumano, que encontraria na imaginação poética sua fonte de expressão. Nesse sentido, a paisagem, por um lado, não teria lugar nas grandes cidades, senão em áreas excepcionalmente reservadas a ela e sob formas domesticadas da natureza. Por outro lado, caberia interrogar sua ocorrência em espaços residuais ou desfuncionalizados, que escapam às intenções de controle e amansamento. Para detectar indícios originários do natural que perfaz as cidades, este livro investiga oportunidades de fruição da paisagem em interstícios urbanos e explora maneiras de expressar essa experiência, assumindo a impossibilidade de sua reconstrução integral ou de sua representação mimética. O olhar se dirige a desvãos da cidade de São Paulo, para identificar insinuações das matérias que se ocultam. Para tanto, são cotejados diferentes meios de expressão alusivos aos horizontes inconclusos da paisagem e àquilo que, para além da racionalidade estrita, mobiliza imagens poéticas.
Conta-se aqui mais de três séculos de história sobre os caminhos que ligaram a capital paulista aos pontos mais próximos do litoral, desde pouco depois da chegada dos colonizadores portugueses até o início do século XX. À nossa disposição, o olhar e os registros de um grande intérprete de São Paulo, que dão forma a um trabalho historiográfico e arquitetônico exemplar, capaz de organizar um conjunto de momentos fundamentais do sistema viário que conecta ao mar o principal centro econômico brasileiro. O livro é ricamente ilustrado e permite ao leitor um passeio agradável e enriquecedor pelos caminhos da Serra do Mar e da História do Brasil.
O livro O desenho de São Paulo por seus caminhos, de Andreina Nigriello, traz a importante visão de como o espaço metropolitano paulistano foi estruturado a partir dos seus caminhos, definidos pelas necessidades de escoamento da produção econômica e de reprodução do capital, em detrimento das necessidades de deslocamento da população.
Por que, como e por quem são feitas modificações no formato das políticas que regem a cidade? Com a participação de quais atores – internos e externos ao Estado – e com que debate público e conhecimento dos cidadãos? De que forma essas mudanças seguem racionalidades técnicas e/ou interesses específicos e particularistas? Quais elementos, atores e processos influenciam a produção das políticas nas cidades em uma direção ou em outra? Este livro persegue respostas a pergunta como essas, analisando as políticas públicas responsáveis pela construção, pela manutenção e pelo funcionamento da maior metrópole brasileira e sul-americana – São Paulo – desde a redemocratização.
Os capítulos deste livro investigam diversas dimensões das mudanças sociais e econômicas recentes na metrópole de São Paulo, incluindo as transformações do mercado de trabalho, as dinâmicas demográficas, os padrões de segregação por classe e raça, as condições urbanas, a produção habitacional pública e pela via de mercado. Surge assim um retrato ao mesmo tempo mais complexo e mais preciso da cidade de São Paulo neste início de século XXI.
Esta obra apresenta uma ampla e profunda pesquisa sobre a fundação de vilas ao redor das capelas no Vale do Paraíba paulista durante o período colonial e sua expansão na época imperial, com as igrejas reformadas ao gosto eclético. Artistas como Thomas Ender, Debret e Julien Pallière nos legaram rica iconografia do período da cultura do café no século XIX, quando os senhores das fazendas construíram palacetes e ornamentaram as igrejas de cidades como Lorena, Pindamonhangaba, Bananal, Jacareí, Taubaté, Guaratinguetá, São Luiz do Paraitinga e Areias. Os cientistas viajantes, como Saint-Hilaire e Zaluar, olharam para as pequenas vilas e seus relatos são fontes para compreender aqueles núcleos, hoje pujantes cidades industriais. Destacam-se neste livro análises minuciosas sobre o patrimônio sacro, desde as técnicas construtivas até seus altares barrocos. A pesquisa adentra todo o século XIX – com as reformas de igrejas que no século XX se tornaram mais amplas, adotando o estilo eclético e o neocolonial.
Tendo em vista lacunas existentes não apenas na historiografia sobre a obra de Vilanova Artigas, mas sobre a arquitetura brasileira em geral, Miguel Antonio Buzzar se empenha em apresentar neste livro um panorama detalhado do Modernismo no Brasil, ao mesmo tempo que o articula com os caminhos da produção de Artigas.
Os pioneiros da habitação social propõem uma narrativa histórica e analítica da produção pública de moradias no Brasil. Esta coletânea, composta de três volumes, consolida uma pesquisa acadêmica inédita, realizada na USP, que identificou e investigou projetos implantados no país entre 1930 e 1964. Neste primeiro volume, que tem como subtitulo Cem anos de política pública no Brasil, Nabil Bonduki realiza uma análiser crítica sobre a ação do Estado na questão habitacional, em um período que vai do início do século XX aos dias de hoje. Especial destaque é dado para os primeiros órgãos públicos que atuaram no setor, cujas realizações são analisadas em profundidade, com farta documentação de época.
Os pioneiros da habitação social propõem uma narrativa histórica e analítica da produção pública de moradias no Brasil. Esta coletânea, composta de três volumes, consolida uma pesquisa acadêmica inédita, realizada na USP, que identificou e investigou projetos implantados no país entre 1930 e 1964. Neste segundo volume, que tem como subtítulo Inventário da produçao pública no Brasil entre 1930 e 1964, Nabil Bonduki e Ana Paula Koury, com apoio de uma equipe de pesquisadores, compilam um levantamento da maior parte dos projetos de habitação social realizados na era Vargas. Esse original esforço de investigação localizou 322 projetos em 24 unidades federativas, que são aqui descritos com ficha técnica, documentação iconográfica e textos explicativos.