Terry Eagleton reavalia o trágico como forma política e cultural

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domingo, 12 de outubro de 2025

Crítico literário reflete sobre a tragédia como lente para entender valores, ideologias e disputas históricas  

Em um mundo marcado por dilemas morais, rupturas sociais e incertezas políticas, qual o lugar da tragédia? O gênero que há milênios lida com dor, conflito e destino ganha nova interpretação pelas mãos do crítico literário britânico Terry Eagleton, influente pensador contemporâneo. Tragédia, que chega agora ao Brasil pela Editora Unesp, propõe um mergulho na persistência e transformação do trágico ao longo da história.

“Este é o segundo estudo que escrevo sobre tragédia, talvez porque existam poucos outros lugares nos quais a grande arte e as questões morais e políticas mais fundamentais estejam tão estreitamente interligadas”, anota Eagleton, no prefácio. “Uma razão pela qual a tragédia importa é que ela é, em última instância, uma medida do que valorizamos; outra razão é que certa ideologia se apropriou da forma, tornando-a suspeita para muitas pessoas que, de outra maneira, poderiam extrair valor dela. Ela é a aristocrata das formas de arte, e meu próprio trabalho, tanto em Doce violência quanto neste livro, representa uma tentativa de, ao modo de meu falecido amigo e professor Raymond Williams, democratizá-la.”

Sem restringir-se à literatura ou ao teatro, Eagleton amplia o escopo da tragédia e a reposiciona como uma forma estética profundamente ligada a contextos históricos, disputas ideológicas e sistemas de valores. Ele demonstra como a tragédia ressurge em períodos de intensa turbulência, quando sociedades enfrentam impasses cruciais — e, assim, serve como instrumento para pensar os limites da experiência humana.

O autor retoma aqui sua investigação com ainda mais ambição, mobilizando uma constelação de pensadores e artistas: de Ésquilo e Shakespeare a Benjamin, Nietzsche e Žižek. Nas palavras do próprio Eagleton: “Uma razão pela qual a tragédia importa é que ela é, em última instância, uma medida do que valorizamos.”

Mais do que uma defesa da tragédia enquanto gênero, Tragédia é uma proposta de democratização dessa forma artística. Eagleton busca retirá-la do pedestal da alta cultura, sem esvaziar sua força filosófica ou estética. Ao fazê-lo, convida o leitor a compreender o trágico não apenas como um espetáculo de sofrimento, mas como uma chave para entender quem somos, e o que, afinal, consideramos valioso.  

Sobre o autor – Terry Eagleton é um proeminente teórico e crítico literário, filósofo e intelectual público inglês. A Editora Unesp publicou alguns de seus trabalhos mais importantes:Ideologia: uma introdução (Editora Unesp/Boitempo, 1997), além de Marx e a liberdade (2002), A tarefa do crítico (2010), A ideia de cultura (2.ed., 2011), Doce violência: A ideia do trágico (2013), O sentido da vida: uma brevíssima introdução (2021), Sobre o mal (2022), Esperança sem otimismo (2023), Materialismo (2023), O acontecimento da literatura (2024), Revolucionários da crítica: cinco críticos que mudaram o modo como lemos (2024) e Cultura (2025), todos pela Editora Unesp.

Título: Tragédia
Autor: Terry Eagleton
Tradução: Rachel Meneguello    
Número de páginas: 260
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 69
ISBN: 978-65-5711-299-1

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